A 20ª edição anual da pesquisa “State of the CIO” desenvolvida pelo IDG visa compreender melhor como a função do CIO continua a evoluir no ambiente atual de negócios, ajudando a definir a agenda do CIO para 2021. Esse estudo global descreve as iniciativas de tecnologia e negócios que impulsionarão o investimento em TI no próximo ano, bem como avalia o papel do CIO no que diz respeito à pandemia e à diversidade e inclusão no local de trabalho.
O estudo entrevistou 825 líderes de TI e 250 executivos da linha de negócios e revelou como a crise do COVID-19 exerceu uma enorme influência sobre a tecnologia no ano passado e reafirmou a importância do papel de liderança do CIO.
Segundo o documento, 82% dos CIOs afirmaram ter implementado novas tecnologias, estratégias ou metodologias de TI, em resposta aos impactos da pandemia e 81% disseram que as tecnologias inovadoras possibilitaram respostas rápidas para a manutenção da eficiência do trabalho a partir de casa.
Apesar do aparente sucesso desses executivos e suas equipes nesse processo, uma questão ainda permanece: Como os CIOs podem aproveitar este momento sem sobrecarregar a TI ou, pior ainda, sem se tornarem vítimas de seu próprio sucesso?
A maioria dos entrevistados acredita que o caminho mais viável para a consistência dos resultados é pensar de forma diferente da postura tradicional, adotando uma abordagem centrada em reavaliar os processos de negócios, adicionando valor estratégico e impulsionando a inovação na tecnologia corporativa.
O papel do CIO está em permanente expansão
As responsabilidades dos CIOs estão indo além de apenas supervisionar as operações de back-office. Para 92% dos entrevistados, o papel do CIO deve ser cada vez mais focado em liderar a transformação digital, desenvolver a estratégia corporativa, dedicar mais tempo a clientes externos e assumir mais responsabilidade sobre a geração de receitas, sem se descuidar das atividades tradicionais da TI.
A visão do CEO
A pesquisa aponta que os CEOs desejam que o CIO fortaleça a relação entre a TI e as áreas de negócios, atualize a infraestrutura tecnológica e melhore a segurança dos dados para garantir a resiliência corporativa, e colabore no esforço para o crescimento das receitas.
Em sintonia com essa visão dos CEOs, os CIOs declararam investir seu tempo em atividades como alinhar as iniciativas de TI com os objetivos do negócio (40%), implementar novos sistemas e arquiteturas (38%) e cultivar a parceria entre a TI e as linhas de negócio (31%). Liderar esforços de mudança foi citado por 29% e redefinir processos de negócio por 23% dos executivos.
No que se refere à estratégia, 33% dos entrevistados afirmaram se dedicar a promover a inovação, 28% em desenvolver e refinar a estratégia corporativa e 22% em identificar oportunidades para diferenciação competitiva.
A responsabilidade sobre os resultados corporativos
Como vimos, o papel do CIO está se expandindo além das suas responsabilidades tradicionais. Não é mais suficiente apenas recomendar uma solução tecnológica para resolver um problema e deixar para a área de negócio descobrir como otimizar os resultados. É preciso às vezes questionar por que a empresa deveria adotar uma determinada abordagem e até mesmo sugerir uma estratégia diferente para o negócio.
Em adição às atividades criativas para solucionar problemas, quase todos os CIOs (96%) se viram lidando com um portfólio expandido e dedicando tempo para supervisionar áreas como cibersegurança (57%), privacidade de dados e compliance (44%) e análise de dados (47%).
É preciso manter o back-office funcionando
Os desafios trazidos pela pandemia da COVID-19 demandaram uma maior atenção e energia dos CIOs para as atividades operacionais, aumentando a necessidade de manter um bom equilíbrio entre as atividades rotineiras e as que envolvem estratégia e inovação.
Apesar do seu inegável papel na estratégia e na transformação, as funções operacionais do CIO ainda continuam a demandar a sua atenção.
Segundo 81% dos entrevistados, os aspectos operacionais das suas funções ainda consomem muito do seu tempo. Gestão da segurança (44%), melhoria das operações de TI e performance de sistemas (41%) e controle de custos e gerenciamento de despesas (29%) foram as mais citadas.
A gestão de crises de TI foi relatada por 24% dos pesquisados e 76% se declararam envolvidos na constante busca do equilíbrio entre a inovação dos negócios e a excelência operacional.
Navegando nas crises
Apesar de tantas atribuições e a crescente demanda das organizações por soluções de TI, os CIOs têm demonstrado grande habilidade em encontrar saídas para a atual pandemia do COVID-19.
Criar uma base sólida de governança envolvendo o CIO e os demais líderes das áreas de negócios é uma decisão fundamental. Para que esse movimento tenha sucesso, o CIO deve formar um time colaborativo de sua confiança e desenvolver a arte de delegar.
Com a pandemia, mesmo as organizações que tipicamente apresentam resistência a mudanças ficaram mais abertas a novos modelos de negócios e processos, e suas culturas corporativas estão se moldando para aceitar novas tecnologias e criar um ambiente adequado para a inovação digital.
Reconhecendo a necessidade de mudar
Nem todos os CIOs se sentem confortáveis com as mudanças, muitas vezes radicais, do seu papel na organização. As responsabilidades vão além da implementação da tecnologia, envolvendo também liderar e transformar a estratégia do negócio. Aqueles profissionais que pretendem evoluir precisarão se dedicar em estudar e conhecer o negócio de sua empresa, tanto quanto fazem para manter a infraestrutura tecnológica atualizada, envolvendo-se em temas que extrapolam o escopo tradicional de seus cargos. Essa mesma postura também é esperada dos demais membros da alta administração.
Não há dúvida de que a função de liderança do CIO se destacou em 2020, quando os líderes de TI tomaram as rédeas para orquestrar as mudanças que mantêm os negócios em um mundo fortemente impactado por uma pandemia global. No entanto, à medida que sua influência crescente se traduz em maiores responsabilidades, os CIOs precisarão se tornar ainda mais conscientes da necessidade de equilibrar suas ações em função dos riscos relacionados, evitando as consequências das expectativas não atendidas.
Além do reconhecimento, o sucesso também traz consigo mais responsabilidades. Devemos encarar esse desafio como uma oportunidade desafiadora.
Referências
1. 2021 State of the CIO
2. The CIO’s next balancing act: Sustaining Success